quarta-feira, 30 de setembro de 2009
ENTREVISTA: VCD
A banda do litoral paulista VCD, que no final de 2008 lançou seu album de estréia intitulado "Ele é Quem Dizia Ser" vem recebendo boas críticas pelo seu hard rock muito bem executado por Juliano, Athayde e Gus. Há quem os considere a revelação de 2009 na cena gospel rock.
Aproveitando o retorno aos palcos da banda, batemos um papo com os caras e você pode conferir logo a seguir:
Por Nelson Paschoa
A banda passou um bom tempo sem tocar, por uma boa causa (o nascimento da filha do Juliano), agora anunciaram que estão de volta. Deu saudade dos palcos?
Juliano: Com certeza! Sempre dá. Até por que é nos palcos que podemos realizar nosso objetivo principal: falar de Jesus.
Esta parada aconteceu logo após o lançamento de "Ele é que Dizia Ser", isso de alguma forma interferiu na divulgação ou foi algo já planejado?
Athayde: De certa forma já sabíamos que isso iria acontecer, pois a esposa do Juliano já estava grávida antes do lançamento do CD. Não sei se chegou a atrapalhar a divulgação. Acho que interferiu mais na agenda de shows, e como agenda de shows de banda independente é complicada, porque são poucos os shows que compensam em termos de estrutura, não cremos que tenhamos perdido muita coisa (risos). Mas de qualquer forma, ficar sem tocar é ruim.
A banda optou por lançar o CD físico e ao mesmo tempo disponibilizou para download gratuito o álbum completo. Qual a finalidade disso?
Juliano: A finalidade é entrar de cabeça no mundo High Tech. O CD é uma tecnologia ultrapassada. Tem os seus dias de vida contados. Assim como aconteceu com o VHS, o mesmo vai acontecer com o CD. Nos dias de hoje a rapaziada curte é ouvir música no MP3 player, no Ipod, celular e no computador. Se as bandas não se “antenarem” para essa mudança radical de comportamento do público, dificilmente conseguirão ser ouvidas pelas pessoas. Se nós queremos falar com os jovens, temos que usar as ferramentas que os jovens usam, além do fato de ser um dos melhores instrumentos de distribuição. Pela Internet já chegamos ao ouvido do mundo inteiro. Tem gente no Japão que curte nosso som.
E a gratuidade dos download não traz retorno finananceiro que cobriria os gastos com as gravações em casos de bandas independentes como vocês...
Juliano: Como dissemos, o CD tem os seus dias contados. A gratuidade do download tem a seguinte lógica: quem vai comprar um álbum de uma banda que não conhece? As bandas de mainstream possuem canais de divulgação como rádio e TV. Mas as bandas independentes não possuem grana para arcar com os “jabás”. A única forma de divulgação é disponibilizar sua música ao máximo de pessoas possíveis. E as que curtirem o seu som sempre irão encontrar uma foram de te apoiar financeiramente. Sempre recebemos pedidos de compra de Cds, de Mp3 e convites pra shows. E temos a certeza que isso é efeito da divulgação realizada por disponibilizarmos o álbum. A idéia é plantar para colher futuramente.
Chegou a ver os desabafos do Steve Rowe (Mortification) , sobre as dificuldades que vem passando por causa dos prejuízos financeiros causados por dowloads ilegais?
Juliano: Lemos e achamos corretos e válidos os argumentos. Mas de qualquer forma, o Steve Rowe precisa entender que isso faz parte dessa transformação tecnológica dos aparelhos que reproduzem a música, bem como é conseqüência de anos do trabalho da indústria fonográfica que transformou a música arte em simples produto. E enquanto produto, ela segue a tendência de mercado de todos os outros produtos industrializados: a descartabilidade! As pessoas vêem a música como um produto que se encontra em “lojas de R$ 1,99”. E na verdade não está muito longe disso, tanto que se pode comprar mp3 on-line, por apenas U$ 0,99 ! (risos).
Para uma geração do tudo descartável, infelizmente esse comportamento não é algo fora do “normal”. Incomum seria se as pessoas continuassem como era na década de 80, gastando centenas de reais por mês em discos e deixando as gravadoras bilhardárias e transformando os artistas em celebridades ícones do pop ou do rock, ou seja, os rockstars.
Como vocês disseram o CD físico está com os dias contados. Mas como as bandas vão vão se manter? gerar receita para custear os gastos com gravações e novos lançamentos?
Athayde: Tudo é uma questão de conseguir visualizar o quem vem pela frente. Pensando nisso, a VCD passou a vender online suas musicas em formato mp3, sempre na qualidade 320kbps. Mas ai vc me pergunta: qual a vantagem nisso? Inicialmente o custo que cai para menos da metade. Em segundo lugar o acesso rápido ao produto com uma excelente qualidade sonora. Além disso, o que sustenta banda mesmo são Shows Esses sim sempre redem um bom dinheiro.
Voltando ao álbum, conta pra gente como foi os processos de gravações...
Juliano: As gravações foram realizadas no Estúdio Noname, Santos/SP, com o fenomenal Victor Fernandes como engenheiro de som. Nossa preocupação foi sempre fazer um CD fiel ao que tocamos ao vivo. Queríamos uma sonoridade orgânica, com forte som de bateria. Somos uma banda de rock, e o som da batera é de crucial importância. O grande problema dos discos independentes é que a maioria possui ótimas captações de guitarra, baixo e vocal, mas peca nos instrumentos percussivos. No Brasil, são poucos os estúdios que sabem gravar rock e metal. Bons, são no máximo uns três. O Noname é um desses, e com o Victor tínhamos a convicção que sairia como queríamos.
Na verdade saiu além das nossas expectativas. Ficou um álbum muito gostoso de ouvir, com timbres bem naturais e mornos. Uma pintura mesmo!
A VCD pretende continuar seguindo o caminho independente?
Juliano: Por enquanto sim. Não estamos fechados a propostas, mas para fecharmos com uma gravadora ela tem de respeitar a nossa fé e nosso compromisso de trabalho. Tem de ser algo proveitoso para os dois lados. Surgiram algumas sondagens, mas nada de concreto ou legal.
Nota-se que "Ele é quem Dizia Ser" é uma álbum com influências que atravessam três décadas, principalmente anos 70, 80 e 90, e ainda tem um pouco de sons mais modernos. A que isso se deve?
Juliano: Se deve a essa salada de gosto musical dos integrantes. Eu, o (Athayde) Junior e o Gus somos muito ecléticos. Ouvimos de tudo. Temos muitos pontos em comum, mas outros completamente divergentes. Por exemplo, sou fã de música erudita e de guitarra instrumental. O Gus ouve muito christian rock, nu metal e worship. O negão (Junior) ouve muita música eletrônica e pop rock nacional. No final, essas diferenças confluem nessa inter-temporalidade de quatro décadas de hard rock e heavy metal incorporadas no nosso som.
As faixas do CD pouco lembram uma a outra, não que a banda não tenha identidade, muito pelo contrário, todas tem a cara da banda, mas não tem muita semelhança entre elas. No ponto de vista, é isso que faz o álbum ficar interessante. No processo de composição isso já fazia parte, ou simplesmente aconteceu?
Juliano: Isso sempre fez parte. No estágio atual da música a maior crítica às bandas são a mesmice, a repetição exaustiva de clichês e a falta de originalidade. Gêneros inteiros ficam saturados de bandas repetitivas, parecendo uma clone da outra. Aconteceu com o hard rock nos anos 80, com o grunge nos anos 90 e agora com o nu metal e com o prog metal. É importante não cair na vala comum e saber sair disso. Variedade nas composições revela a qualidade e criatividade de uma banda mostrando que ela pretende fazer arte, e não produto!
Outra coisa que me chama a atenção no CD é o cuidado com as letras, que são muito ineligentes e criativas. A maioria das bandas cristãs usam muitos clichês, o que não acontece com a VCD.
Juliano: Agradecemos o elogio e ficamos felizes que você gostou. O alvo é sempre passar uma mensagem que atinja o coração. Na letra vamos cair no mesmo ponto do falado sobre a música. Letra de música é arte, é poesia. As letras revelam a profundidade e o conteúdo de quem as escreve. Se a sua preocupação é ser produto, ou se você é um compositor vazio e sem conteúdo, invariavelmente você cairá na zona comum.
A capa do CD também é muito bonita, quem a projetou? E o que ela quer dizer? Senti falta de um encarte...
Juliano: Quem fez essa capa maravilhosa foi outro gênio. Nosso amigo e irmão Ricardo Gejão, designer da Agência Click. Ele soube interpretar como ninguém a mensagem contida no Ele é Quem Dizia Ser. O cerne do álbum é apresentar Jesus Cristo a esse mundo deserto de Deus. Nesse cenário apocalíptico, Ele aparece como a única esperança para a humanidade decaída.
O encarte é algo que acabamos deixando de lado por questões de custo mesmo. Quem sabe no próximo Cd, ou em uma futura edição especial do Ele é.... (pensativo). É algo para analisarmos com carinho.
Que bandas que de alguma forma influenciaram a VCD?
Juliano: É complicado falar de bandas porque cada integrante ouve e gosta de muita coisa. Temos influencia de bandas de white metal e de bandas seculares. Se for para citar, as principais seriam: Guardian, Bride, King James, Whitecross, Stryper, Disciple, Whitesnake, Van Halen, Dio, Megadeth, Pilar, Pantera e muitas outras.
No meio cristão nacional e internacional que bandas merecem destaque e por quê?
Juliano: No meio nacional, as únicas bandas que cantam em português que realmente merecem destaque é o Metal Nobre na sua primeira fase e o Resgate mais antigo. No meio internacional tem muita coisa boa e a maioria já citamos como nossa influência.
Todos vocês são músicos já com uma certa estrada, pode falar um pouco da experiência de cada um? Já tiveram outras bandas?
Juliano: eu toco em bandas desde os 16 anos. Já toquei em muitas bandas covers. Mas o segundo projeto próprio com certa notoriedade e expressão foi com a banda Nistagma. Chegamos a lançar um EP e a tocar em algumas rádios rock daqui do litoral. Depois disso dei uma afastada da música. Acabei voltando com força total com a VCD mesmo.
Gus: O grosso da minha história musical se resume mais a esquema louvor na igreja mesmo... participei de projetos paralelos, mas sempre com essa temática... após ser apresentado a Juliano, e por acaso participarmos juntos de uma programação instrumental, vimos que daquilo poderíamos chegar a lugares impensáveis para mim até aquele dia...
Junior: Assim com o Juliano eu toquei em muitas bandas covers, mas sempre gostei de fazer minha própria musica. E assim foi com a Nistagma na década de 90. Juliano já era meu parceiro nessa banda. Mas o meu trampo mesmo, que digo assim: “Este é meu filho” (risos) é o Ele é..
Juliano e Athayde, a gente se conheceu de uma forma pouco convencional, começamos discutindo sobre o uso do vocal gutural por bandas cristãs em tópicos na Comunidade White Metal Brasil do Orkut. Tinhamos pontos de vistas bem diferentes. O que vocês pensam sobre o assunto hoje? Vale lembrar que mesmo com opiniões diferentes e muita discussão nos tornamos bons amigos. Quando lembro disso, vejo que cresci nesse tempo, em outra época essa divergência não se transformaria em amizade.
Athayde: (Risos) Cara, agente lembra bem desses arranca rabos. Eu, aprendi muito contigo nesse episódio e ainda tomei um tapa de luva de pelica lindo (risos).
Você na sua simplicidade e sabedoria me ensinou que existem bandas que utilizam o gutural como instrumento para pregar no meio de tribos urbanas onde as musicas convencionais não chegam. Me mostrou que as pessoas não sabem o que é o meio underground e me fez entender que bandas como Mortification e Antidemon tem recebido a autoridade de Deus para levar a palavra no meio de eventos de bandas de black metal onde são ouvidas e respeitadas. Sei de muitos que se converteram através de musicas onde o vocal era Gutural.
Já estão pensando em um próximo lançamento?
Juliano: Sim, já estamos em processo de composição do próximo álbum. Pelo jeito que está caminhando as coisas deve ser bem diferente do primeiro. Nossa sonoridade está ficando mais pesada e esperamos que possa agradar e ter o impacto igual ou maior. Cremos que até o final do ano que vem ele deve ser lançado.
Muito obrigado pela entrevista, podem deixar as suas últimas palavras. Fico grato em saber que pude colaborar de alguma forma. Que Deus Abençoe Vocês.
Juliano: Agradecemos a oportunidade, ao seu blog e ao seu carinho Nelson. Que Jesus te abençoe e a todos os leitores. O nosso CD “Ele é Quem Dizia Ser” está disponível para download gratuito em nosso site http://www.mundovcd.com.br e o CD original pode ser comprado por lá também por apenas R$10,00, então aproveite!! Deixamos uma reflexão aos amigos: divulgar as MP3s é uma forma de a banda apresentar o seu trabalho as pessoas de forma honesta, sem mascaras ou engodos, e retribuir na mesma honestidade seria a pessoa que gostou do trabalho adquirir o CD original para apoiar o ministério.
Quem quiser dar uma força no myspace: www.myspace.com/mundovcd. E quem quiser escrever pra gente, trocar uma idéia, pode escrever em nossos e-mails: juliano@mundovcd.com.br; junior@mundovcd.com.br ; gus@mundovcd.com.br e se quiser conversar com a produção da banda e algum integrante adiciona o MSN: contato@mundovcd.com.br
Para contatos para shows e outros temos contato@mundovcd.com.br e pelo telefone (13)3284-3918.
Um abração a todos e fiquem na paz do Senhor Jesus.
VCD é formada por Juliano (guitarra e vocal), Athayde Junior (bateria e vocal) e Gus (baixo e vocal)
Discografia: "Ele é Quem Dizia Ser" 2008 - Independente
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