sexta-feira, 16 de abril de 2010

ENTREVISTA: SAINT SPIRIT


Formada em 1994 o Saint Spirit ao longo dos anos adiquiriu respeito no meio underground secular e cristão. Contando com 3 álbuns em sua discografia, todos com ótimas críticas em revistas, fanzines e sites especilaizados no assunto. Com um trhash/death metal influenciado por bandas como Napalm Death, Slayer e Sepultura a banda não se prende a rótulos, prova disse é o álbum "Reprise" que conta com covers das bandas DC Talk e Bride entre outras, e nem a conceitos. A banda também causa polêmica, pois costuma tocar covers das bandas (seculares) que os influenciaram, coisa pouco comum em bandas formadas por cristãos.
Para 2010 a banda prepara um novo CD. Confira a entrevista com o único membro da formação original, Rodrigo Bizoro, que fala deste novo lançamento e de outros assuntos


Por Nelson Paschoa

NP-O Saint Spirit completa 16 anos de estrada, apesar de uma pausa de 3 anos (1998-2001). Já se deu conta de que vocês são uma das pouquíssimas bandas undergrounds, principalmente cristãs que conseguiram esta longevidade? Qual é o segredo?
RB - Pois é cara, eu até acredito que tenham bandas por aí com esse tempo ou até mais, acho que o Trino tem mais ou menos esse tempo também, mas não sei ao certo de outras. Qual o segredo? Bem, também não sei teorizar sobre isso. Sei que começamos em 1994 e estamos aqui em 2010 fazendo som! Acho que uma das razões da banda ainda existir é que todos os caras que passaram pelo SS eram amigos. Havia amizade fora do contexto da banda. Nunca tivemos aquela obsessão de ficarmos o tempo todo voltados para banda. Não mesmo! Aliás, quando estávamos juntos batendo papo, ou viajando para tocar, a última coisa de que falávamos era sobre o Saint Spirit! (risos).


NP- O que falta a cena para que outras bandas tenham vida longa?
RB - Cara, hoje em dia, eu não sei. Tanta babaquice que rola que eu hoje em dia nem me atenho a analisar a cena a ou b. Hoje em dia eu recebo os convites, analiso as condições e toco e me divirto! Acho que como eu disse, a amizade é um dos pilares para que uma banda dure. Outra coisa é saber separar as coisas. Sempre estudei, namorei, tive família, emprego e também sempre toquei. Muito raramente uma coisa interferia na outra. O cara tem que saber dosar e ter o pé no chão, não esperar muita coisa. Rock no Brasil não é uma coisa que costuma dar certo, né?

NP - A integração da banda no meio underground secular carioca é outro ponto importante da banda, que poucas outras têm.
RB - Pois é cara, com a gente nunca teve essa história de separatismo! Sou amigo de todo mundo que queira ser meu amigo e seja gente do bem! Nunca escondemos de ninguém nosso posicionamento ideológico e nem por isso deixei de ter amigos que crêem em outras paradas. O lance é subir no palco, fazer um show decente, ter postura de vida e o resto é conseqüência.




NP - Uma demo e três Cd’s, é uma discografria respeitável e pouco comum no meio underground.
RB - E esse ano, vem coisa nova por ae! Cara, o SS poderia ter mais CDs gravados. Como o ex guitarra Esch dizia, se fosse para fazer esses cds “mais do mesmo” que a maioria das bandas por ae fazem, gravaríamos um CD por semana! A gente sempre tentou se reinventar, buscar uma identidade sonora, principalmente no “The Ways of Faith”.

NP -Por falar em CD, como e porque a idéia de gravar o Ep “Reprise” (apenas com covers)?

RB - Depois que lançamos o “The Ways of Faith” em 2005, os shows ficaram cada vez mais intensos. Já tínhamos um primeiro álbum, e ainda estávamos explorando o segundo. Já tínhamos algumas idéias para músicas novas, só que julgávamos que se gravássemos material novo, esse atropelaria o “The Ways..”, pra você ter idéia, tem coisa desse disco que a gente não toca ao vivo até hoje, porque não dá tempo. Dessa maneira, queríamos manter o ritmo de há cada 2 anos lançar material novo, daí inspirados no álbum de covers do Sepultura, “Revolusongs”, começamos a trabalhar na idéia de um EP nosso de covers. Escolhemos só 6 músicas, para não ficar um material extenso e chato, e optamos em trabalhar com músicas pesadas, mas também com composições que não eram necessariamente do estilo do SS.



NP - Saint Spirit encara com muita naturalidade a idéia de tocar covers de bandas seculares, algo que não é bem aceito no meio cristão nacional. O que você acha disso?

RB - Se eu for ligar para o que o meio cristão diz, eu não sairia mais de casa (risos)! Para mim, isso é assunto morto e enterrado! Mas em consideração a você digo que trato esse assunto com muita simplicidade! Eu olho para a música e só! Essas letras do metal secular são bobocas, coisas de roteiro de filme B de terror, que não servem para nada! Como eu digo sempre, as letras do Mr. Catra são muito mais perversas! Isso é jerebisse de brasileiro. Lá fora não tem isso! Mês passado (março) mesmo, fui ver o P.O.D e eles tocaram U2 e Rage Against the Machine. Mas... como os caras são gringos...pode! (risos)

NP - Assim não se corre o risco de cair em uma certa contradição? Me refiro ao o que diz as letras de certas bandas seculares e os ideais cristãos do Saint Spirit.

RB - Se você levar ao pé da letra, pode até ser que sim! Óbvio que eu não vou cantar letras do tipo “Fuck you Jesus”, apesar de coisas desse tipo não me afetarem em nada. Mas tomemos por exemplo alguns covers que já fizemos ao vivo. Sepultura, Pantera, Cannibal Corpse. O que essas letras dizem?? Nem sei, mas deve ser alguma coisa inútil que não vai mudar minha vida em nada! Mas, por ventura, alguém entende o que é dito nas letras do Tourniquet?

NP - O Stryper radicalizou e anunciou um álbum só com covers seculares, incluindo músicas como “The Trooper” (Iron Maiden), “Brinck The Law” (Judas Priest), “Blackout” (Scorpions) entre outras. A crítica cristã nacional não viu com bons olhos esta atitude. O que você achou disso?

RB - Eu acho que só o Stryper fizesse isso com a pretensão de escandalizar, seria uma bela de uma babaquice! Eu não sou lá muito fã de Stryper, e acho que não escolheram muito bem os covers. Sei que ficaram todos muito bem executados, mas acho que não traz novidade na carreira deles. O fato é que os caras estão nessa há muito tempo, e tem gente que usava fraldas enquanto o Stryper estava anunciando Jesus no underground querendo falar dos caras!

NP - Pretender fazer algo semelhante?

RB - Hoje em dia, não! Estou com os caras novos na banda, cheio de músicas e idéias novas bem legais. Mas não descarto a hipótese. Na época em que gravamos o “Reprise”, cogitávamos em fazer 2 partes. Na verdade, esse primeiro que foi gravado seria; “Reprise I: The Patriarchs” e a segunda parte seria de covers seculares e se chamaria: “Reprise II: Discoteque”. Mas mesmo assim a idéia não seria gravar em seqüência, talvez uns 2 álbuns na frente. Mas posso te adiantar qual seria o repertório que sonhávamos à época para esse possível segundo EP:

1 – Michael Jackson – Smooth Criminal

2 – AC/DC – Hell´s Bells

3 – U2 – Discoteque

4 – Sarcofago – Crush Kill Destroy

5 – Caetano Veloso – Shy Moon



NP - Os covers que o Saint Spirit normalmente tocam, aparentemente são mais “pesados” em suas temáticas, pois sãos de bandas como Canibal Corpse e Ratos do Porão entre outras.

RB - Não vejo nada de pesado na temática do Cannibal, acho até uma temática boba, coisa de adolescente. Para mim o som é fenomenal, mas as letras, descartáveis! No caso do RDP, a letra teve um peso fundamental, apesar da música ser muito boa também.



NP - No You Tube tem um vídeo da banda tocando “Igreja Universal” do Ratos do Porão. Esta música reflete a opinião da banda também?

RB - Reflete sim, infelizmente!


NP - O pensa sobre as igrejas evangélicas dos dias de hoje?

RB - Penso que 90% não crêem em Jesus, abominam o evangelho e anunciam o anticristo!

NP - Sai um novo Cd do Saint Spirit em 2010?

RB - Boa pergunta! Acho que sai sim, tem bastante material pronto, é só o que pode atrasar o trabalho é orçamento para se gravar um CD de qualidade!

NP - Rodrigo, muito obrigado por sua atenção e pela entrevista concedida.

RB - Eu que agradeço, é sempre um prazer esta batendo um papo desses. Um forte um abraço aos amigos leitores. E não se esqueçam, mesmo que um anjo pregue um evangelho diferente daquele que o apostolo Paulo anunciou, que seja anátema!

Formação atual: Rodrigo Bizoro (Vocal e Bateria), Ceiton Clamer (Guitarra) e Michel Mixa (Baixo).

Discografia: Satanicphobia (Demo - 1997), Against Saint and Sinner (2003), The Ways of Faith (2005) e Reprise (EP com covers - 2007)

Myspace: www.myspace.com/sainspirit

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